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Medicina veterinária

Introdução

No processo de metabolismo, as células geram diversos resíduos pelas reações químicas.

Tais resíduos, por serem tóxicos, precisam ser excretados para manter a integridade do ambiente intersticial.

A excreção desses produtos indesejados, em grande parte, é realizada pelos rins.

Aqui será feita uma pequena introdução à fisiologia renal.

Este resumo é uma visão geral sobre fisiologia renal, onde será falado um pouco sobre a função e estrutura anatômica.

O sistema urinário é composto por dois rins, dois ureteres, bexiga e uretra. 

Como já sabemos, os rins são órgãos duplos e retroperitoniais (localizados na parte de trás dos peritônio), e sua função principal é a manutenção do meio interno por meio da filtração do plasma, mas também possui outras funções importantes. 

Pegando os cães de grande porte como exemplo, de 1.000 a 2.000 litros de sangue perfundem os rins todos os dias, e desses, de 200 a 300 litros são filtrados, sendo que boa parte é reabsorvida e, no final, 1 a 2 litros de urina são formados e eliminados. 

Anatomia macroscópica dos rins

A anatomia dos rins é bem variada de espécie para espécie, considerando os mamíferos. 

O formato clássico dos rins (conhecido como riniforme) é visto nos cães, nos gatos e pequenos ruminantes.

Em suínos, são mais achatados, já em equinos eles são cordiformes (formato semelhante a um coração). 

Já os bovinos apresentam uma superfície multilobulada. 

Internamente, ele é dividido em córtex e medula. 

O suprimento sanguíneo para os rins é fornecido pela artéria renal; ela adentra o parênquima e se divide formando a artéria segmentar interlobar, logo depois ela se ramifica em torno do lobo formando a artéria arqueada, em seguida se ramifica novamente formando a artéria interlobular; que por sua vez emite ramos dando origem a arteríola aferente, e chegamos ao nível microscópico.

 

Anatomia microscópica dos rins (néfron)

Microscopicamente, o rim é formado por milhares de estruturas conhecidas como néfron. O néfron é a unidade funcional do rim. 

A arteríola aferente forma um tufo de capilares emaranhados, mais conhecido como glomérulo. Após formar esse tufo, ela sai e se torna arteríola eferente. 
 
O glomérulo é revestido por uma camada de células epiteliais que forma uma capsula conhecida como capsula de Bowman; ambas as estruturas juntas formam o corpúsculo renal. 

Os corpúsculos estão localizados lá no córtex renal. Continuo com a capsula, o primeiro segmento é o túbulo contorcido proximal (TCP). Esse túbulo penetra na medula e forma uma alça, a alça de Henle. 

A alça é constituída pelo amo descendente que é mais delgado e se aprofunda na medula, e um ramo ascendente que é mais espesso e retorna em direção ao córtex. 

O próximo segmento é o túbulo contorcido distal (TCD), que na figura mostrada, está longe do corpúsculo, mas na verdade as duas estruturas se encontram no córtex para formar um aparelho importante para o controle da pressão arterial, o aparelho justaglomerular. 

E, por fim, os néfrons desembocam no ducto coletor, essa estrutura se encontra parte no córtex e parte na medula.

Os ductos coletores, por sua vez, desembocam nas papilas renais,
e estas terminam na pelve renal.
 
 
 
Existem 2 tipos de néfrons: os corticais e os justamedulares. Os néfrons corticais possuem uma alça de Henle mais curta, já os justamedulares possuem a alça de Henle mais longa que se aprofunda na medula. 

Existem ainda vasos que acompanham essa alça (os vasos retos), Isso reflete direto na absorção de água desses néfrons, pois os justamedulares tem maior poder para reabsorção de água. 

Nos gatos, 100% dos néfrons são justamedulares, isso significa dizer que eles conseguem reabsorver muita água e concentrar a urina com muita eficiência. 

Estrutura da barreira de filtração

Agora que vimos a anatomia geral do néfron, vamos entender melhor a estrutura da barreira de filtração glomerular, pois é ela quem determina a filtração seletiva do plasma. 

A capsula de Bowman é formada por um folheto parietal e um visceral; dentre esses folhetos forma-se um espaço conhecido como espaço de Bowman, esse é o espaço onde o filtrado será formado. 
 
 
 
A parede dos capilares dessa região é formada por uma camada de células endoteliais, a membrana basal e o epitélio da camada visceral.

O endotélio desses capilares não é continuo; ele apresenta furos, (fenestras) que são canais pra passagem de água e componentes não celulares do sangue. 

A segunda camada, a membrana basal, é constituída por diversas proteínas como colágeno, proteoglicanos, fibronectina, entre outras; nessa camada, existem moléculas com carga elétrica negativa, uma característica importante pra barreira de filtração. 

A terceira camada, o epitélio visceral, é composto por uma camada de células entrelaçadas, os podócitos. 

Essas células emitem prolongamentos do citoplasma conhecida como processos podais; eles se entrelaçam com os processos podais dos outros podócitos e ficam enrolados nos capilares. No espaço que há entre o prolongamento de um podócito e outro, existe a chamada fenda de filtração.
 
 

Reabsorção

O TCP, que é responsável por reabsorver aproximadamente 60% das substâncias filtradas, possui uma estrutura especializada para isso.

Nessa região, existe um epitélio com microvilosidades conhecido como borda em escova, essas células também são ricas em mitocôndrias; e do lado sanguíneo da célula, no espaço basolateral, existe um conjunto de dobras internas que aumenta a superfície para o transporte de moléculas pro capilar. 

Entre uma célula e outra existe uma zona de oclusão unindo as células.

Tal estrutura permite o transporte de substancias através dela. As substâncias podem ser reabsorvidas atravessando as células por via transcelular, isso acontece por meio dos canais e outras proteínas transportadoras que se encontram na membrana, ou pode reabsorver pela via paracelular, que é quando a molécula passa pela zona oclusiva entre uma célula e outra. 

A alça de Henle possui um epitélio mais baixo e com poucas mitocôndrias no ramo fino. 

O ramo descendente é totalmente permeável a água. O ramo ascendente tem um epitélio mais alto, muitas mitocôndrias e dobras internas na membrana basolateral, isso por conta do transporte ativo de sódio, potássio e cloreto; outra característica importante é que ele é impermeável a água.

O TCD continua com essa mesma estrutura e nele também são reabsorvidos NA e água. Logo depois, segue para o segmento conector, que é a transição para os ductos coletores. Nos ductos coletores, encontram-se as células intercaladas e as células principais.

A célula principal é o tipo mais importante de célula que existe ali no ducto coletor; elas também possuem dobras na membrana basolateral e são responsáveis pela reabsorção de sódio através da bomba de sódio potássio, principalmente em resposta a secreção de aldosterona.

Outras funções do rim

Como foi mencionado antes, a figura do néfron mostrada é apenas um esquema didático; na sua estrutura original, lá no córtex, o TCD fica próximo do corpúsculo renal. 

As células da arteríola aferente e por vezes da eferente possuem células modificadas chamadas de células justaglomerulares. 

No TCD, existem células que formam a macula densa e essas células juntamente com as células das arteríolas formam o aparelho justaglomerular. 

A células justaglomerulares produzem a enzima renina e a macula
densa é capaz de detectar as alterações na concentração de NA+ que passa pelo TCD. 

Esse aparelho é importante na regulação da pressão arterial.  

Além da função de controle da pressão arterial, não podemos esquecer que os rins também possuem outras funções extremamente importantes, algumas delas são: equilíbrio hidroeletrolítico, regulação do equilíbrio ácido-base, estimular a produção de eritrócitos pela secreção de eritropoetina, metabolismo e excreção de hormônios.

Assista a vídeo aula completa de introdução à fisiologia renal

Referências:

1- Cunningham – Tratado de fisiologia veterinária
2- Guyton E Hall – Tratado De Fisiologia Médica

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