Introdução ao sistema cardiovascular – Fisiologia veterinária
Trejeito do sangue no coração
O sangue rico em Co2 chega no lado direito do coração pelas veias cavas, entra no átrio direito e depois passa para o ventrículo e segue para os pulões onde é oxigenado (processo conhecido como hematose), volta ao coração através das veias pulmonares, entra no átrio e depois segue para o ventrículo esquerdo, e então é ejetado para todo corpo através da aorta.
Como o sangue sai do lado esquerdo do coração e se distribui pelo corpo?
O sistema cardiovascular tem como função principal fazer o transporte de gases (O2 e Co2), mas também transporta nutrientes, hormônios, metabólitos e água. Esse transporte é realizado de algumas maneiras: o fluxo de massa, a difusão e as pressões hidrostática e coloidosmótica.
Fluxo de massa: O fluxo de massa é o meio pelo qual o sangue percorre longas distâncias pelo corpo e ele acontece pela diferença de pressão entre dois pontos. O sangue sempre se move do local de maior pressão para onde tem menor pressão. Essa diferença de pressão é conhecida como pressão de perfusão e ela é gerada pela musculatura do coração ao bombear o sangue.
Difusão: As substâncias se movimentam da corrente sanguínea para os tecidos e vice-versa, isso ocorre por difusão (nem todas). A difusão é o movimento do soluto do meio mais concentrado para o menos concentrado. Ou seja, se determinada substância se encontra maior concentração em determinado local, a tendência é que ela se mova para o local onde ela está menos concentrada. No organismo, os líquidos estão distribuídos em três compartimentos pelos quais as substâncias se locomovem: o líquido intracelular, que se encontra dentro das células, o extracelular, onde fica o líquido intersticial, e o intravascular, que fica dentro dos vasos. As substâncias saem do sangue e vão para o líquido extravascular, que é onde a concentração está menor, depois vai para o meio intracelular. É importante ressaltar que o processo de difusão ocorre sem gasto de energia.
Pressão hidrostática e coloidosmótica: Estes líquidos se formam entre os compartimentos com o auxílio da pressão hidrostática e a pressão coloidosmótica. A pressão hidrostática é a pressão que existe dentro do vaso e empurra o líquido contra a parede do mesmo. Sabemos que o endotélio vascular possui espaços que permitem a passagem de líquidos (fenestras), com isso o liquido acaba saindo do vaso. A pressão coloidosmótica é o termo utilizado pra se referir as pressões exercidas pela albumina, que é chamada de pressão oncótica e a pressão feita pelos eletrólitos que é a pressão osmótica. Ambas as substâncias exercem uma força que puxa e mantém o líquido nos vasos. Sendo que a pressão hidrostática é superior a pressão coloidosmótica, de forma que o resultado é a formação de um liquido no espaço extravascular. O excesso desses líquidos é retirado pelos vasos linfáticos.
Uma coisa interessante é que em pacientes com doença hepática, o fígado perde a capacidade de produzir albumina, isso diminui a pressão oncótica de forma que a dinâmica entre os líquidos fica alterada e acaba formando um excesso de liquido. Que no caso recebe o nome de efusão.
Fluxo sanguíneo
Outro conceito importante é sobre o fluxo de sangue. O fluxo de sangue é a quantidade de sangue que é destinada a um tecido, sendo que esta quantidade é proporcional a taxa metabólica. Para exemplificar, se um local está com o metabolismo acelerado, a quantidade de O2 que ele precisa é maior, então o fluxo sanguíneo na região tende a aumentar. Se o fluxo sanguíneo não é adequado à taxa metabólica e a quantidade de oxigênio destinada ao tecido é insuficiente, as células acabam entrando em hipóxia. Ou seja, hipóxia é a diminuição da taxa de O2 para o tecido. Essa falta de oxigênio, se ela for persistente, o tecido pode ter isquemia e evoluir para necrose.
Contração do músculo cardíaco
O mecanismo de contração da musculatura cardíaca é semelhante ao do musculo estreado esquelético. As células precisam de estímulo elétrico para contrair. A contração desse musculo precisa acontecer primeiro os átrios contraem e em seguida os ventrículos contraem. Esses movimentos coordenados são organizados por um potencial de ação que é gerado e se propaga pelo coração.
O potencial de ação é gerado por estruturas que se localizam no coração. No canto superior direito do átrio direito existe o nodo sinoatrial e no canto superior do ventrículo direito existe o nodo atrioventricular. O potencial elétrico é levado ao ventrículo pelo ramo direito e esquerdo do feixe de his. Essas estruturas são formadas por um conjunto de células marca-passo que tem a capacidade de despolarizar espontaneamente. Essas células especializadas possuem a capacidade de despolarizar espontaneamente, ou seja, não dependem do sistema nervoso, porém o sistema nervoso autônomo pode influenciar os batimentos aumentando ou diminuindo a frequência.
O potencial de ação começa lá no nodo sinoatrial, promovendo a contração atrial e em seguida chega no nodo atrioventricular, e é conduzido através dos ramos direito e esquerdo do feixe de Hiss, atinge as fibras de purkinge e chega aos ventrículos.
Quando o potencial de ação é gerado, as células musculares cardíacas precisam contrair todas ao mesmo tempo, em uma ação sincronizada, para expulsar o sangue da câmara. Por esse motivo, essas células são conectadas entre si pelos discos intercalares. Tais estruturas formam uma conexão elétrica permite que o potencial de ação passe para todas as células cardíacas. Isso forma o chamado sincício funcional, pois todas as células contraem como se fosse uma só.O sistema nervoso autônmo simpático tem efeito tanto nas células condutoras quanto nas células musculares. Esses dois tipos celulares possuem receptores B-adrenérgicos, portanto respondem a noradrenalina. Os efeitos são aumento da frequência e força de contração. Já os efeitos parassimpáticos são opostos e sua ação é restrita ao nodo sinoatrial e atrioventricular e aos átrios. Nesses locais há receptores muscarínicos que respondem a acetilcolina.
Veja a aula de introdução ao sistema cardiovascular
Referências: Cunningham – Tratado de fisiologia veterinária