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Medicina veterinária

Introdução ao sistema cardiovascular – Fisiologia veterinária

Esta é uma pequena introdução sobre a fisiologia cardiovascular. Neste resumo, será abordado os tipos transportes do sistema cardiovascular, as pressões que controlam a dinâmica dos líquidos entre os compartimentos e também será falado rapidamente sobre o controle da contração da musculatura cardíaca. O sistema cardiovascular é composto por duas bombas conectadas em uma rede fechada de tubos. Tais bombas compõem um órgão que conhecemos como coração. Cada bomba é dividida cada uma em duas câmaras. Do lado direito, temos o átrio e ventrículo direito, e do lado esquerdo temos o átrio e ventrículo esquerdo. E também existem os vasos da base que são as veias cavas (cranial e caudal), artéria pulmonar, veias pulmonares e aorta.

Trejeito do sangue no coração

O sangue rico em Co2 chega no lado direito do coração pelas veias cavas, entra no átrio direito e depois passa para o ventrículo e segue para os pulões onde é oxigenado (processo conhecido como hematose), volta ao coração através das veias pulmonares, entra no átrio e depois segue para o ventrículo esquerdo, e então é ejetado para todo corpo através da aorta.

                               

Como o sangue sai do lado esquerdo do coração e se distribui pelo corpo?

O sistema cardiovascular tem como função principal fazer o transporte de gases (O2 e Co2), mas também transporta nutrientes, hormônios, metabólitos e água. Esse transporte é realizado de algumas maneiras: o fluxo de massa, a difusão e as pressões hidrostática e coloidosmótica.

Fluxo de massa: O fluxo de massa é o meio pelo qual o sangue percorre longas distâncias pelo corpo e ele acontece pela diferença de pressão entre dois pontos. O sangue sempre se move do local de maior pressão para onde tem menor pressão. Essa diferença de pressão é conhecida como pressão de perfusão e ela é gerada pela musculatura do coração ao bombear o sangue.

Difusão: As substâncias se movimentam da corrente sanguínea para os tecidos e vice-versa, isso ocorre por difusão (nem todas). A difusão é o movimento do soluto do meio mais concentrado para o menos concentrado. Ou seja, se determinada substância se encontra maior concentração em determinado local, a tendência é que ela se mova para o local onde ela está menos concentrada. No organismo, os líquidos estão distribuídos em três compartimentos pelos quais as substâncias se locomovem: o líquido intracelular, que se encontra dentro das células, o extracelular, onde fica o líquido intersticial, e o intravascular, que fica dentro dos vasos. As substâncias saem do sangue e vão para o líquido extravascular, que é onde a concentração está menor, depois vai para o meio intracelular. É importante ressaltar que o processo de difusão ocorre sem gasto de energia.

Pressão hidrostática e coloidosmótica: Estes líquidos se formam entre os compartimentos com o auxílio da pressão hidrostática e a pressão coloidosmótica. A pressão hidrostática é a pressão que existe dentro do vaso e empurra o líquido contra a parede do mesmo. Sabemos que o endotélio vascular possui espaços que permitem a passagem de líquidos (fenestras), com isso o liquido acaba saindo do vaso. A pressão coloidosmótica é o termo utilizado pra se referir as pressões exercidas pela albumina, que é chamada de pressão oncótica e a pressão feita pelos eletrólitos que é a pressão osmótica. Ambas as substâncias exercem uma força que puxa e mantém o líquido nos vasos. Sendo que a pressão hidrostática é superior a pressão coloidosmótica, de forma que o resultado é a formação de um liquido no espaço extravascular. O excesso desses líquidos é retirado pelos vasos linfáticos.

Uma coisa interessante é que em pacientes com doença hepática, o fígado perde a capacidade de produzir albumina, isso diminui a pressão oncótica de forma que a dinâmica entre os líquidos fica alterada e acaba formando um excesso de liquido. Que no caso recebe o nome de efusão.

Fluxo sanguíneo

Outro conceito importante é sobre o fluxo de sangue. O fluxo de sangue é a quantidade de sangue que é destinada a um tecido, sendo que esta quantidade é proporcional a taxa metabólica. Para exemplificar, se um local está com o metabolismo acelerado, a quantidade de O2 que ele precisa é maior, então o fluxo sanguíneo na região tende a aumentar. Se o fluxo sanguíneo não é adequado à taxa metabólica e a quantidade de oxigênio destinada ao tecido é insuficiente, as células acabam entrando em hipóxia. Ou seja, hipóxia é a diminuição da taxa de O2 para o tecido. Essa falta de oxigênio, se ela for persistente, o tecido pode ter isquemia e evoluir para necrose.

Contração do músculo cardíaco

O mecanismo de contração da musculatura cardíaca é semelhante ao do musculo estreado esquelético. As células precisam de estímulo elétrico para contrair. A contração desse musculo precisa acontecer primeiro os átrios contraem e em seguida os ventrículos contraem. Esses movimentos coordenados são organizados por um potencial de ação que é gerado e se propaga pelo coração.

O potencial de ação é gerado por estruturas que se localizam no coração. No canto superior direito do átrio direito existe o nodo sinoatrial e no canto superior do ventrículo direito existe o nodo atrioventricular. O potencial elétrico é levado ao ventrículo pelo ramo direito e esquerdo do feixe de his. Essas estruturas são formadas por um conjunto de células marca-passo que tem a capacidade de despolarizar espontaneamente. Essas células especializadas possuem a capacidade de despolarizar espontaneamente, ou seja, não dependem do sistema nervoso, porém o sistema nervoso autônomo pode influenciar os batimentos aumentando ou diminuindo a frequência.

O potencial de ação começa lá no nodo sinoatrial, promovendo a contração atrial e em seguida chega no nodo atrioventricular, e é conduzido através dos ramos direito e esquerdo do feixe de Hiss, atinge as fibras de purkinge e chega aos ventrículos.

Quando o potencial de ação é gerado, as células musculares cardíacas precisam contrair todas ao mesmo tempo, em uma ação sincronizada, para expulsar o sangue da câmara. Por esse motivo, essas células são conectadas entre si pelos discos intercalares. Tais estruturas formam uma conexão elétrica permite que o potencial de ação passe para todas as células cardíacas. Isso forma o chamado sincício funcional, pois todas as células contraem como se fosse uma só.

O sistema nervoso autônmo simpático tem efeito tanto nas células condutoras quanto nas células musculares. Esses dois tipos celulares possuem receptores B-adrenérgicos, portanto respondem a noradrenalina. Os efeitos são aumento da frequência e força de contração. Já os efeitos parassimpáticos são opostos e sua ação é restrita ao nodo sinoatrial e atrioventricular e aos átrios. Nesses locais há receptores muscarínicos que respondem a acetilcolina.

Veja a aula de introdução ao sistema cardiovascular

Referências: Cunningham – Tratado de fisiologia veterinária

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